Thursday, March 09, 2006

LINGÜÍSTICA APLICADA: PRESSUPOSTOS PARA O ENSINO DE LÍNGUAS

Dissertação apresentada ao Prof. MSc. Kleber Aparecido da Silva como requisito parcial para a avaliação do desenvolvimento do curso de extensão Lingüística Aplicada: Pressupostos para o Ensino de Línguas do Instituto de Estudos de Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.
“Ubi societas ubi comunicatio: onde existe sociedade, existirá a comunicação humana.”.
Dedico este trabalho a todos os meus alunos. Particularmente àqueles que encontraram prazer na dificuldade em aprender, no trabalho complexo cujas soluções são lentamente descobertas. São estes os alunos que adquiriram as habilidades do poder da comunicação. Com meus alunos aprendi que o processo ensino-aprendizagem deveria ser aprendizagem-aprendizagem. Dedico ao meu estimado amigo e professor MSc. Kleber Aparecido da Silva e nos amigos que foram sempre exemplos de professores. E a meu filho que me ilumina e me ensina todos os dias.
“ENSINO E APRENDIZAGEM DE LE”
Este trabalho é o resultado de 45 horas de estudos acompanhadas pelo excelente Prof. MSc. Kleber Aparecido da Silva somadas a muitas horas de leituras, discussões e reflexões ao longo destes dois meses, amarradas a muita dedicação, empenho, alegrias, frustrações e esperança. O curso em si teve todos os meios para oportunizar-nos uma reflexão sobre o ensino e aprendizagem de LE, entenda-se como Língua Estrangeira. O Prof. MSc. Kleber Aparecido da Silva foi o que nos proporcionou a idéia e a metodologia a ser usada e o resultado alcançado foi um incremento tanto no âmbito social, educacional, como histórico do desenvolvimento do ensino de Línguas no Brasil nos últimos tempos, passando pelas diferentes formas de ensinar e aprender. Em síntese, o curso foi além do esperado e, pude sanar dúvidas, somar conhecimentos e trocar informações. Sabe-se que o ensino de língua estrangeira passou e vem passando por diversas transformações e adaptações, segundo épocas e contextos. Através dos materiais propostos para leitura em comunhão com as explicações do Prof. MSc. Kleber Aparecido da Silva pude definir a Lingüística Aplicada (LA) de uma forma sucinta como sendo uma ciência que estuda a língua nos lugares onde tudo acontece. É o estudo da natureza aplicada. Além desta breve definição, temos a LA como sendo: - a aplicação de teorias lingüísticas; - uma área de investigação aplicada, que busca solucionar os problemas na área da linguagem, interpretando, portanto, o uso, o meio e o fim para a aplicação da comunicação em geral; - uma ciência, relacionada com o ensino de línguas: problemas. E, segundo Almeida Filho, a LA é uma das três ciências da Linguagem, que focaliza especificamente questões da linguagem inseridas na prática social-real, divididas em sub-áreas. Com este aprendizado, seria interessante colocar uma sub-área na LA como: Formação de Professores de Línguas, colocando em prática o estudo das diferentes formas para o ensino de LE. Dentro da LA há diversos paradigmas, como por exemplo: Treinamentista e Reflexionista. A LA possui taxonomia própria que significa a gama variada de fatores que contribuem para a LA.
Já dentro da Língua temos diferentes falares, como: a linguagem usada na igreja, na escola, no futebol, em casa, etc. No perpasso histórico, temos: 1970 – foram criados os métodos, o foco era o método; 1980 – o foco era o aluno; 1990 – o foco passou a ser o professor e a interação professor aluno; 2000 – o professor em formação inicial e continuada. “Sou um professor reflexionista”. Segundo Schön (1970), ele fez uma releitura de Paulo Freire do livro Pedagogia do Oprimido e, aponta os três estágios da ação pedagógica: 1º. Planejamento – antes 2º. Ação – durante 3º. Reflexão – depois Sendo que a reflexão crítica envolve uma possível mudança. Após a leitura dos materiais sugeridos, cabe destacar os textos de Almeida Filho, onde há uma citação de Gardner (1972) sobre motivação e que para o ensino de LE precisamos de um método motivacional, onde:
CULTURA DE APRENDER + CULTURA DE TERCEIROS = CULTURA DE ENSINAR Os diagramas podem se tornar um modelo Heurístico¹. A adoção da reflexão sobre aprender, ensinar e avaliar como procedimento fundamental em cursos de formação inicial e continuada de professores não constitui novidade. Em consonância com diferenças (às vezes sutis) na linha metodológica adotada, recebe diferentes denominações, tais como pesquisa-ação, investigação-ação, reflexão-ação, prática reflexiva, entre outras. No Brasil, mas precisamente a partir dos anos 90, essa prática vai conquistando espaço cada vez maior na profissionalização docente. ____________________________ ¹ Heurístico: algo que propomos e não sabemos se vai ser aceito, quando aceito, de diagrama explicativo passa a ser modelo.
Infelizmente, muitos professores, não perceberam que as condutas que outrora, em outro contexto, desempenhavam seu papel, sem a certeza de resultados positivos, ainda que tivessem sido consideradas formas justificadas de atuação para o ensino de LE, presentemente já se mostram extemporâneas e estéreis. Acredito que há muito de comodismo, talvez certa cumplicidade de cada um de nós nisso tudo. Nossos sistemas de mitos, preconceitos, estereótipos, enfim, o lado "mumificado" da nossa cultura nos mantém na crença de que as coisas não mudam, que a realidade parece se transformar, mas lá no fundo, é a mesma: não há história, projeto, reparação, crescimento, adaptação e estudo das necessidades aluno X meio. O ensino eficaz, por inclusivo, é aquele em que o professor aceita correr riscos, aceita assumir a busca constante com o aluno. Para isso, é preciso reconhecer que não somos as imagens que estão congeladas em nosso "mundo interior" e impedem que a voz do outro (aluno) e mesmo a nossa voz autêntica possa ressoar em nosso íntimo. Esses espectros de vidas passadas sem dúvida têm o poder de paralisar as transformações — nossas e de nossos semelhantes —; mas só se aceitarmos renunciar à vida. Antes de identificar quais as culturas de ensinar, aprender e avaliar cabe-nos distinguir conceitos que sustentam nosso trabalho. Partindo do conceito de cultura, compactuo com as idéias de BROWN (1994) de que cultura engloba todo um modo de vida, nossa identidade coletiva. Trata-se de um conjunto enraizado de comportamentos, valores e de percepções pertencentes a uma comunidade, adquiridos pela linguagem, que se tornam altamente importantes para que as pessoas possam interagir e aprender. Cabe destacar o principio de Lavousier: “Não há perda, tudo se transforma”. Com relação ao nível de competência do professor, temos: - Competência implícita: aquela que se adquire e que nasce em cada um, o professor não a escolhe, ela se estabelece de uma forma; - Competência profissional: sempre em evolução; - Competência teórica: é menor que a aplicada, é saber e saber articular; - Competência aplicada: também denominada sintética é a vivenciada. Mesmo alegando adotarem práticas construtivistas, alguns professores tendem a persistir em práticas tradicionais, prejudicando assim a qualidade de seu trabalho. Portanto, se pretendemos alterar a abordagem ultrapassada de ensinar LE, precisamos quebrar alguns paradigmas sobre a cultura dos professores — trabalho lento e complexo passa por: conhecer as culturas vigentes nas suas falas e ações, desencadear questionamentos, desequilíbrios, provocar reflexões, a fim de propiciar que cada professor identifique as suas teorias e avance em seus conhecimentos para que consiga se ajustar, lentamente, às mudanças internas e externas do seu grupo social. Em meio as Teorias de Ensino – Aprendizagem de LE, vimos claramente em nossos Seminários a Teoria Estrutural ou Abordagem Estrutural e a Teoria Comunicativa ou Abordagem Comunicativa. Das experiências deste trabalho, cabe destacar que existe grande importância das crenças na formação do professor de LE e no por que de ensinar como se ensina. Temos os pressupostos e antes deste os Axiomas que também influenciam enormemente no processo Ensino – Aprendizagem de LE. Visto as formas de ensinar e aprender notamos que é na sala de aula onde os sujeitos atuam. Neste meio, a interpelação² é fundamental para o bom desenvolvimento da aprendizagem da LE. De acordo com as minhas observações o processo Ensino – Aprendizagem de LE atual é fraco, repetitivo, cansativo, conteudista e sem significado, o que cria uma atmosfera permeada de desmotivação. A cultura de aprender dos mesmos está voltada para uma Abordagem Comunicativa. Conhecendo a cultura de aprender – ensinar LE é possível oportunizar uma reflexão e possíveis mudanças em suas ações para uma transformação interior, bem como a procura de novas alternativas que otimizem o processo de ensino e aprendizagem de LE. Constatei que muitos métodos apontam a Abordagem Comunicativa e as avaliações propostas não estão em consonância com esta abordagem. Por outro lado, o material didático necessita de ajustes para propiciar atividades relacionadas ao desenvolvimento da Competência Comunicativa dos alunos. O contexto necessita de uma política de incentivo que objetive a criação de cursos de educação continuada para os professores de línguas. ____________________________ ² Interpelação: são as ações verbais e não-verbais do professor ao se dirigir aos alunos em sala de aula.
A importância da LE para fins comunicativos nos leva à perspectiva das seguintes competências: - Competência Gramatical: domínio do código lingüístico; - Competência Sócio-lingüística: adequação dos enunciados tanto no significado como na forma. - Competência Discursiva: capacidade para combinar as estruturas e os significados no desenvolvimento de um texto oral ou escrito; - Competência Estratégica: domínio de estratégias comunicativas de caráter verbal e não-verbal. “Ser comunicativo” implica em algumas ações / atitudes que levam a uma concepção em ensinar – aprender LE. O método comunicativo distingue dos demais, tem interação, está centrado no aluno, o erro é uma etapa do conhecimento, há a produção de significados e o aluno aprende e sistematiza. Uma dificuldade que se observa é a aplicação do método como se fosse uma receita, ao invés de aplicação, poderia verificar os resultados com as pequenas mudanças. Os métodos seriam melhores aproveitados se houvesse uma análise do seu próprio trabalho (Revisitação Vicária ou Visionamento). Na Abordagem Estrutural usa-se a forma estruturalista, onde a gramática prescritiva está presente o tempo, aplicando regras e formas. Aqui há um conjunto de regras prescritas pela gramática que devem ser seguidas. Considerações finais. O teórico Wilkim disse que para ensinar línguas era imprescindível ter noções comunicativas. Desvendar as ações comunicativas. A função comunicativa se trabalharia na língua-alvo. O método para o professor de LE foi abolido. O professor reflexivo interage em sala de aula, ele não é aquele que reflete sobre o método, mas sim sobre o pensamento. O caminho do professor que quer pensar sobre qual é a melhor relação de qualidade de professor x sala de aula. Portanto, esta é a ciência da linguagem preocupada com a linguagem no meio, com a lexicografia, com o ensino de línguas (LM, L2, LE), bem como com a tradução. As relações entre pessoas, gêneros e meios. Tudo o que se constrói com a Linguagem – isso é a Lingüística Aplicada. Indiscutivelmente, o bom profissional é o que revela competência. E competência se conquista com boa faculdade, bons professores e bons alunos. Possuo incontáveis expectativas com relação a minha atual profissão como professora de Língua Espanhola e tradutora, porém agora com esta graça de estar concluindo este curso, elas passam a ser as mais alvissareiras possíveis. Lutar pela continuidade de meus estudos para que o mais breve possível esteja defendendo minha tese de Mestrado e assim, poder ensinar aos que um dia ensinarão. Minha preocupação central é a de habilitar o aluno para o exercício da comunicação. Dotar-lhe de capacidades, habilidades. Em suma, de competência.

2 comments:

  1. Anonymous12:44 PM

    Suas palavras são tão doces quanto você.
    Obrigado por compartilhar sua cultura com outros.
    Um afetuoso abraço.
    Dr. Carlos

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  2. Prezado Dr. Carlos,

    Agradeço sumamente suas palavras.

    Atenciosamente,

    Ana Lucia Amaral

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